Faz tempo que venho querendo atualizar aqui, mas este mesmo tempo se tornou um pouco escasso para mim, já que voltei aos estudos e tenho de concilia-los com os trabalhos e um pouco de vida social (quando posso, ha!)
Nestes meus estudos venho (re) aprendendo que design é muito mais que um simples desenho, é técnica projetual, é gestão, é desenho, é tudo isso e mais. Mas vamos deixar isso para outro post mais longo.
É muito bom voltar à academia (por favor, não confundam com academia de ginástica, ok?) e obter novos conhecimentos e relembrar de alguns conhecimentos esquecidos durante este meio tempo entre a faculdade e a pós-graduação.
Na pós-graduação, temos como trabalhos de algumas matérias, escrever um short-paper de uma única página sobre o assunto da matéria que estamos aprendendo, então aproveitarei este espaço do meu blog para colocar aqui alguns destes short-papers que escrevi. O Primeiro desta leva será o da matéria de Psicologia e Criatividade Aplicada, onde aprendemos sobre os arquétipos e vimos as suas ligações com o design. Espero que gostem.
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No livro A Emoção das Marcas, de Marc Gobé, o autor apresenta o conceito de marca emocional, uma marca que está emocionalmente “conectada” com as pessoas, oferecendo – e trocando – novas experiências. O termo emocional quer dizer como uma marca se comunica com os consumidores no nível dos sentidos e das emoções. Isso significa que conhecer as necessidades emocionais e os desejos das pessoas é a chave do sucesso de uma marca. Para se criar uma marca emocional, o gestor de design deve saber como e qual arquétipo utilizar para passar as emoções e experiências exatas ao consumidor, segundo Pearson e Mark (2003: 35) “Os arquétipos enobrecem a vida ao enfatizar seu significado. Por exemplo, uma pessoa se sente atraída por outra sem vivenciar o significado, mas no momento em que ambas se conectam à história de amor, o arquétipo do Amante é evocado e o mundo se enche de vida. Do mesmo modo, você pode se divertir numa viagem cruzando o país, mas se vocë faz essa viagem para encontrar seu pai desaparecido há muitos anos (ou para descobrir a alma de seu país, para se autoconhecer ou em busca de fortuna), o arquétipo do Peregrino ou Explorador é ativado e a experiência se torna plena de significado. De certo modo, o significado arquetípico é aquilo que torna as marcas vivas para as pessoas.". Pretende-se neste artigo mostrar a importância da utilização de personagens e seus arquétipos na criação e utilização de uma marca. Através de uma pesquisa básica realizada em Gobé (2002) e Surrel (2009) nota-se a preocupação que se existe quanto a criação de um personagem e sua importância, seja na literatura ou na hora de compor uma marca. Na literatura tem-se como exemplo a adaptação para o cinema do clássico “A Bela e a Fera”, feito pelos estúdios Disney. Na história original Bela era uma personagem que tinha suas ações ditadas pelas duas figuras masculinas de sua vida (seu pai e a fera), quase como uma devoção cega a essas duas figuras. Este seu arquétipo funcionaria muito bem em um filme dos anos 1950, mas não seria aceito pelo público nos últimos anos do século XX. A personagem precisa sofrer uma nova roupagem para as telas do cinema, fazendo com que o público se identifique com ela, Furrel (2009: 38) então mostra no que a nova Bela se tornou, “É uma personagem forte e independente, que vira de pernas para o ar a ideia de uma princesa tradicional da Disney. No final, a história mostra uma Bela que, em todos os detalhes, é tão importante e tão poderosa quanto a poderosa Fera, com quem compartilha metade do título do filme. Na criação do roteiro, a Bela se tornou um modelo positivo para a nova geração de garotas que adotariam essa personagem e essa história, exatamente como ocorreu na época de Disney, com o modelo apresentado por Branca de Neve e Cinderela.”. Já na área do design, Gobé (2002: 200) mostra como criou uma personagem para a criação da nova marca das Lojas Express, baseada na princesa Stephanie de Mônaco, uma jovem de espírito independente, força de caráter e criativa com uma educação de sangue azul, características primordiais que criariam um vínculo com os clientes que a loja queria: “Criamos um quadro visual que transmitiria de forma imaginativa o estilo de vida dessa cliente potencial, essa personagem pseudocientífica e complexo, como fundamento e inspiração para o nosso trabalho.”. Pode-se concluir com este artigo que a criação de personagens e seus arquétipos está intrinsecamente ligada à criação de uma marca que queira ter uma comunicação total com os seus usuários.
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Referências
GOBÉ, Marca. A emoção das marcas: conectando marcas às pessoas/ Marc Gobé; tradução de Fulvio Lubisco. - Rio de Janeiro: Campus, 2002
PEARSON, C.S. e MARK, M. O herói e o fora-da-lei. – São Paulo: Cultrix, 2003b
SURREL, J. Os Segredos dos Roteiros da Disney: Dicas e técnicas para levar magia a todos os seus textos. – São Paulo: Panda Books, 2009